A telepHmetria (também conhecida como pHmetria Bravo) e a pHmetria ambulatória com cateter são duas técnicas de monitorização do pH esofágico usadas para avaliar o refluxo gastroesofágico (RGE). Cada uma tem suas próprias vantagens e limitações.
O procedimento
A telapHmetria é realizada em várias etapas, geralmente durante um procedimento endoscópico. Aqui está uma visão geral do processo:
Preparação do paciente: Antes do procedimento, o paciente recebe instruções sobre como se preparar, o que pode incluir jejum por algumas horas antes do procedimento.
Administração de sedação: O procedimento é realizado sob sedação endovenosa.
Inserção do endoscópio: Um endoscópio flexível é inserido pela boca do paciente e avançado até ao estômago e em seguida retirado, avaliando as condições da mucosa esofágica e medindo a distância onde se vai posicionar a cápsula de telemetria.
Colocação da cápsula Bravo: é então introduzido um catéter que permite, uma vez que a sua extremidade alcança o local desejado no esófago, a implantação da cápsula de telepHmetria na parede do esófago com um pequeno clipe incorporado no sistema. A cápsula permanece no lugar para monitoramento contínuo do pH esofágico. Os dados são captados pela cápsula e transmitidos por sinal que é captado por um receptor externo que o paciente carrega consigo durante o período de monitoramento.
Período de monitorização: O paciente segue suas atividades diárias normais durante este período, que geralmente dura 96 horas. Durante esse tempo, o dispositivo de telepHmetria regista continuamente os níveis de acidez no esôfago.
Entrega do equipamento de registo: Após 4 dias de monitorização, o paciente retorna ao Laboratório ManopH para entrega do registador e diário de registo dos sintomas, posição postural e refeições durante este período. Não é necessário remover a cápsula, pois esta, ao fim de uma ou duas semanas, despreende-se do esófago e é excretada nas fezes.
Análise dos resultados: Os dados arquivados no registador são transferidos para um computador e posteriormente analisados para avaliar a presença e a gravidade do refluxo ácido, bem como sua relação com os sintomas relatados pelo paciente.
Riscos e complicações
Embora a telepHmetria seja geralmente considerada um procedimento seguro, como qualquer procedimento médico, existem alguns riscos e complicações potenciais a serem considerados:
Desconforto resultante da inserção: após o procedimento endoscópico para colocação da cápsula, alguns pacientes podem experimentar desconforto, náusea ou irritação na garganta, resultantes do ato endoscópico ou da intubação com o cateter introdutor. Isso é geralmente temporário.
Desconforto torácico: cerca de 10% dos pacientes referem ligeiro desconforto torácico nos dias posteriores ao procedimento, que, habitualmente, desaparece após um período inferior a uma semana. Se persistente, pode levar à realização de exames para investigação e tratamento.
Perfuração esofágica: embora seja muito raro, existe um risco de perfuração esofágica resultante da colocação da cápsula.
Deslocamento da cápsula: existe o risco de deslocamento da cápsula de telepHmetria após a colocação. Isso pode resultar em leituras imprecisas ou interrupção prematura do período de monitorização. Em alguns casos, a cápsula pode se mover para o estômago ou ser expelida através do trato digestivo antes do final do período de monitoramento.
Retenção da cápsula: apesar da cápsula ter um reduzido diâmetro (6 mm) há um risco teórico de retenção em doentes com estenoses do tubo digestivo. É extremamente raro.
Os benefícios da telepHmetria geralmente superam os riscos potenciais, especialmente quando o procedimento é realizado por profissionais experientes em um ambiente médico adequado. O Laboratório ManopH tem experiência com esta técnica há mais de 20 anos, com execução de centenas de procedimentos, sem complicações.
Contraindicações
Existem situações que são contraindicações relativas ou absolutas para a realização deste procedimento:
Pacientes sob medicação anticoagulante: deve ser suspensa antes da realização do procedimento
Presença de contraindicações para sedação endovenosa – apesar de o procedimento poder ser realizado sob sedação, poderá ser mal tolerado.
Esofagite grave – deverá ser realizado tratamento antes do procedimento
Diverticulo esofágico de grandes dimensões
Vantagens da telepHmetria em relação à pHmetria ambulatória com cateter
Conforto para o paciente: no Laboratório ManopH, o procedimento de colocação do sensor é realizado sob sedação endovenosa e, como tal, sem o desconforto inerente à colocação do cateter. Pela técnica de telepHmetria, o dispositivo de monitorização de pH (a cápsula Bravo ou Alpha-One)) é temporariamente fixado na parede do esófago durante um procedimento endoscópico. Isso elimina a necessidade de o paciente usar um cateter nasofaríngeo por 24 horas, como na pHmetria ambulatória com cateter. Portanto, a telepHmetria pode ser mais confortável para o paciente, já que não há necessidade de carregar o dispositivo externo por um longo período de tempo.
Menos restrições durante o período de monitorização: Como a cápsula Bravo é interna, os pacientes têm menos restrições nas suas atividades diárias durante o período de monitorização em comparação com a pHmetria ambulatória com cateter. Eles não precisam se preocupar com a movimentação do cateter ou com a remoção acidental durante atividades específicas.
Melhor tolerância: A pHmetria Bravo pode ser melhor tolerada por alguns pacientes, especialmente aqueles com sensibilidade ao uso de cateteres nasais ou que têm dificuldade em tolerar a presença de um cateter nasofaríngeo.
Maior precisão: Alguns estudos sugerem que a telepHmetria pode fornecer leituras de pH mais estáveis e precisas, pois a cápsula de medição do pH é fixada diretamente na parede do esófago, eliminando assim a possibilidade de movimentos ou deslocamentos do cateter que podem ocorrer na pHmetria ambulatória com cateter.
Maior tempo de monitorização – a telepHmetria potencial para um período de monitorização de pH mais longo. Na pHmetria ambulatória com cateter, o paciente geralmente geralmente usa o cateter nasofaríngeo por um período de 24 horas. A telepHmetria, este período é de 96 horas (4 dias), ou mais, se necessário, dependendo das necessidades clínicas e das preferências do médico. Este período prolongado de monitorização pode ser vantajoso em algumas situações, pois permite uma avaliação mais abrangente e detalhada dos padrões de refluxo ácido ao longo do tempo. Pode ser especialmente útil para pacientes com sintomas intermitentes ou para aqueles em que os sintomas ocorrem apenas em determinadas situações ou momentos do dia. Também pode permitir estudar parte do procedimento sem medicação com inibidor da bomba de protões (os 2 dias iniciais, por exemplo) e os últimas dias com esta medicação, permitindo avaliar a sua eficácia em doentes com DRGE.
É importante observar que a escolha entre telepHmetria e pHmetria ambulatória com cateter depende das necessidades específicas do paciente, da disponibilidade de recursos e das preferências do médico. Ambas as técnicas têm suas próprias indicações e limitações, e o médico decidirá qual é a mais apropriada para cada situação clínica.
