Uma consulta de pâncreas e vias biliares (CPVB) é uma consulta médica especializada na avaliação e tratamento de condições relacionadas ao pâncreas, bem como a vesícula e vias biliares, sistema de estruturas tubulares que transportam a bile do fígado para o intestino delgado (onde é fundamental para a digestão, que incluem a via biliar principal (colédoco) e vias biliares hepáticas e intra-hepáticas.
A quem se destina a CPVB ?
Durante essa consulta, o médico pode abordar uma variedade de questões relacionadas ao funcionamento e às condições destes órgãos, incluindo:
Pancreatite: inflamação do pâncreas, que pode ser aguda ou crônica.
Pancreatite aguda recorrente: se bem que a pancreatite aguda seja habitualmente tratada em urgência e internamento hospitalar, existem casos de pancreatite aguda recorrente. É uma condição na qual uma pessoa experimenta múltiplos episódios de pancreatite aguda ao longo do tempo, com períodos de melhora entre os episódios. A pancreatite aguda é uma inflamação aguda do pâncreas, muitas vezes causada por cálculos biliares ou pelo consumo excessivo de álcool. Durante um episódio de pancreatite aguda, as enzimas digestivas produzidas pelo pâncreas começam a digerir o próprio órgão, resultando em dor abdominal intensa, náuseas, vômitos e, em casos graves, complicações potencialmente fatais. Na pancreatite aguda recorrente, uma pessoa pode ter vários episódios separados de pancreatite aguda ao longo do tempo, com intervalos de tempo entre os episódios. Os fatores que levam à recorrência da pancreatite aguda podem incluir persistência de cálculos biliares, disfunção do esfíncter de Oddi, consumo contínuo de álcool, trauma abdominal ou outras condições subjacentes (como situações autoimunes) que afetam o pâncreas. O tratamento da pancreatite aguda recorrente geralmente envolve a identificação e o tratamento dos fatores subjacentes que estão desencadeando os episódios, como remoção de cálculos biliares, abstinência de álcool, mudanças na dieta e manejo de condições médicas subjacentes. Em alguns casos, pode ser necessária a intervenção endoscópica bilio-pancreática ou até cirúrgica para resolver a causa subjacente dos episódios recorrentes. O acompanhamento médico regular é essencial para prevenir futuros episódios de pancreatite aguda recorrente.
Pancreatite autoimune – A pancreatite autoimune ocorre raramente quando o próprio sistema imunológico do corpo ataca o pâncreas. Os sintomas incluem amarelecimento da pele ou olhos (icterícia), dor abdominal e nas costas, perda de peso e diarreia. Frequentemente, pode-se diagnosticar pancreatite autoimune com estudos de imagem e exames de sangue. A ultrassonografia endoscópica (EUS) permite a realização de biópsias pancreáticas quando os exames de sangue e as imagens são inconclusivas. O tratamento inclui medicamentos imunossupressores, como esteroides, que diminuem a resposta imune contra o pâncreas e, assim, reduzem a inflamação. A CPVB pode ser muito útil no diagnóstico e seguimento desta situação clínica.
Pancreatite crônica: Inflamação crônica do pâncreas, que pode levar a danos permanentes ao órgão. Com a pancreatite crônica, o pâncreas torna-se doente devido a tecido cicatricial e inflamação no órgão. Além disso, grandes pedras e depósitos de cálcio podem se formar no tecido pancreático e nos ductos pancreáticos. Os fatores de risco para pancreatite crónica incluem o uso crónico de álcool e tabaco, assim como a pancreatite aguda recorrente. Também podem ser fatores de risco a obstrução crónica do ducto pancreático, condições autoimunes ou constituição genética. O tratamento passa por abordar quaisquer complicações que possam existir. Em alguns casos, a medicação pode ser eficaz. Outras opções de tratamento podem incluir procedimentos endoscópicos, como CPRE ou ultrassonografia endoscópica ou intervenções cirúrgicas.
Coleções de fluido pancreático: O fluido pancreático pode se acumular durante uma pancreatite aguda ou crónica ou após uma lesão traumática no pâncreas que danifica o ducto pancreático. A condição acaba por se desenvolver a partir do vazamento de enzimas pancreáticas e fluidos. Podem levar a condições médicas graves, como obstrução do ducto biliar, obstrução intestinal, dor e pancreatite recorrente. As coleções de fluido pancreático podem infectar e exigir tratamento por endoscopia, cirurgia, radiologia intervencionista ou uma combinação de abordagens.
Cistos pancreáticos: Um cisto pancreático é uma lesão anormal no pâncreas. Um cisto assemelha-se a uma bolha cheia de líquido. Existem vários tipos de cistos do pâncreas que devem ser diferenciados dos cistos inflamatórios (pseudocistos), que podem crescer após uma pancreatite aguda. Poderão ser crescimentos neoplásicos benignos, alguns com risco de se tornarem cancerígenos. Geralmente, não condicionam sintomas (muitas vezes são achados incidentais de exames imagiológicos abdominais), a menos que o cisto se torne muito grande ou canceroso. Apenas se o cisto pancreático for sintomático ou sua saúde estiver em risco, há indicação para removê-lo cirurgicamente. Tipicamente, na CPVB monitorizamos cistos pancreáticos com estudos de imagem periódicos para determinar a necessidade de remoção ou outro tratamento, Em algumas situações torna-se necessária a sua melhor caracterização com punção aspirativa com agulha fina (PAAF) guiada por ultrassonografia endoscópica, técnica em o Laboratório ManopH é um centro de referência a nível nacional.
Cancro do pâncreas: O diagnóstico precoce do cancro do pâncreas é fundamental para o tratamento bem-sucedido. Os nossos médicos são especialistas em identificar os sintomas e fornecer os testes corretos para detectar e determinar a progressão da doença..
Doenças da Vesícula Biliar e Ductos Biliares: a vesícula biliar armazena e concentra a bile que o corpo utiliza durante o processo digestivo que ocorre no intestino delgado. Orientamos o tratamento para todos os tipos de doenças da vesícula biliar e ductos biliares.
Cálculos biliares: estas “pedras” podem-se formar na vesícula biliar (onde podem gerar dor abdominal – cólica biliar, ou inflamação – colecistite) ou no sistema de ductos biliares (onde podem provocar dilatação e inflamação – colangite) . Os sintomas mais comuns de cálculos biliares são dor abdominal súbita e rapidamente intensificada, bem como dor nas costas, náusea e vômito e, no caso de obstrução, cor amarela e urina escura, A CVBP tem como objetivo a orientação e tratamento dos doentes com cálculos biliares, nomeadamente encaminhamento para realização de CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) e sua remoção.
Cistos do colédoco: são dilatações saculares dos ductos biliares. São raros. Habitualmente , quando esses cistos ocorrem, é porque você nasceu com a condição (congênita). Existem cinco tipos principais de cistos do colédoco, classificados com base em sua localização. Em alguns casos, podem condicionar colangite (infecção da árvore biliar). Além disso, alguns tipos de cistos do colédoco podem representar um risco de desenvolver cancro da via biliar. Na CPBV pode ser orientada a sua investigação diagnóstica e orientação terapêutica.
Estenoses da via biliar: ocorrem quando os ductos biliares são muito estreitos. Essas estenoses podem ser não cancerosas (benignas) ou cancerosas (malignas). As estenoses benignas podem ser a consequência de traumatismo na via biliar (geralmente cirúrgico) ou de inflamação autoimune (colangite esclerosante). As estenoses malignas podem ser devido a um crescimento dentro dos ductos biliares ou compressão de um crescimento fora dos ductos biliares, geralmente cancro de pâncreas. Algumas estenoses do ducto biliar não têm sintomas. Outras podem causar complicações graves, como colangite, abscesso hepático ou cirrose biliar secundária. Na CPVB orientamos o seu diagnóstico e esclarecimento, bem como para o tratamento mais adequado.
Como se desenrola a CPVB ?
Durante a consulta, o médico pode realizar várias etapas, incluindo:
Revisão dos sintomas: O médico fará perguntas detalhadas sobre os sintomas do paciente, como dor abdominal, icterícia, náuseas, vômitos, perda de peso e mudanças nos hábitos intestinais.
História médica: Será revisto o histórico médico do paciente, incluindo condições médicas pré-existentes, cirurgias anteriores, uso de medicamentos e história familiar de cancro ou doenças pancreáticas e biliares.
Testes diagnósticos: Dependendo dos sintomas e do histórico médico do paciente, o médico pode solicitar testes diagnósticos, como exames de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética), exames de sangue (incluindo testes de função hepática e marcadores tumorais) ou procedimentos endoscópicos (endoscopia, ultrassonografia endoscópica. CPRE), técnicas em que os nossos médicos têm experiência consolidada.
Com base nos resultados da consulta e dos testes diagnósticos, o médico desenvolverá um plano de tratamento personalizado para o paciente, que pode incluir medicamentos, mudanças no estilo de vida, tratamento endoscópico, cirurgia ou outros tratamentos específicos, dependendo do diagnóstico e da gravidade da condição.